Perguntem a um escritor se prefere relatar uma cena de sexo ou fazer a espargata e ficarão surpreendidos com a vitória esmagadora da segunda hipótese. Como dizia uma conhecida, à qual perdi o norte, são poucos os bons praticantes de sexo; narradores, então, contam-se pelos dedos.
Mas Auster, que se aproxima dos 64 anos com grande vigor literário e que ganhou fama a explorar a música do acaso, nome com que baptizou um dos seus livros, para mim, parece ter ultrapassado esse misto de pudor, medo do ridículo e respeitinho à família – não se riam, há homens de barba rija que evitam escrever obscenidades com medo de que os pais e os filhos as leiam. Eu percebo-os. Não é toda a gente que se atira ao vernáculo com a coragem de um Bocage. Mulheres, então, nossa senhora! Maria Teresa Horta disse, uma vez, em entrevista, que atribuía ao erotismo da sua prosa muitos dos anticorpos que foi ganhando ao longo da vida.
Para lerem o artigo completo de Dulce Garcia, publicado na GQ, basta clicar na imagem.