Jim Nashe é um frívolo bombeiro de Boston que precisa de música como do ar que respira. Abandonado pela mulher pouco antes da morte do seu pai, que nunca conheceu mas lhe deixa uma herança inesperada, Jim fica subitamente sozinho e com uma fortuna que decide esbanjar à medida que viaja pelos Estados Unidos. Sem rumo, deixa-se conduzir pelo acaso, que se torna a força motriz da sua vida, transformando-a numa sucessão de acontecimentos aparentemente sem significado. Uma vida errante passada numa solidão quase completa, em que experimenta a divertida e dilacerante sedução do desenraizamento absoluto. Até ao dia em que a música do acaso lhe sugere uma outra aventura: apostar tudo numa única carta...
Metáfora sobre a fragilidade da identidade e a arbitrariedade das regras que regulam as nossas vidas, A Música do Acaso é um romance sobre liberdade e destino. Um universo bizarro onde a realidade se transfigura e um simples jogo muda irremediavelmente as vidas dos seus participantes. Obsessão, melancolia e o lado mais negro da natureza humana – alguns dos temas mais caros ao autor – estão todos presentes neste romance emblemático da obra de Paul Auster.
“Nesta história lúcida e fascinante, Auster levanta questões perturbadoras sobre lealdade, liberdade e inexplicável vontade de matar.”
Publishers Weekly
A Austerlândia é um local de estranhas e ricas coincidências, onde os objectos assumem uma importância talismânica.
Podem ler a entrevista de Paul Auster ao The Times sobre Invisível, publicada no sábado, aqui.
Foi recentemente publicado no México uma análise da obra narrativa e ensaística de Paul Auster, da autoria da escritora Ivonne Saed, intitulada Paul Auster: autoría, distopía y textualidad.
Segundo a autora, a obra de Paul Auster centra-se em três aspectos: o conceito de autoria e a sua relação com a solidão; a distopia da esperança e a utopia ultrapassada; e a cidade como metáfora do Génesis e elemento indispensável da narrativa de Auster.
Para abordar estes temas, Ivonne Saed examinou principalmente os três romances que, em seu entender, melhor englobam as preocupações do autor com o presente.
Em Inventar a Solidão, Auster parte de uma fotografia para desconstruir a memória e o duelo perante a morte por intermédio da reescrita do eu.
E, finalmente, Cidade de Vidro, na qual pega no mito babilónico para falar de memória e do duelo como geradores de vida, assim como desse grande texto por decifrar que é a cidade como conceito.
Uma constante da narrativa de Auster é o facto de, desde as primeiras linhas, o leitor ficar entrelaçado num enredo que, no entanto, ainda está por contar. E com algumas palavras, antecipa um desenlace.
Ivonne Saed tem vindo a realçar, desde há alguns anos, em artigos publicados no México, que a premissa fundamental do trabalho criativo de Paul Auster se pode resumir a uma frase que o próprio escreveu quando tinha dezanove anos: “The world is in my head. My body is in the world.”
A obra de ficção de Paul Auster não pode ser estudada sem se analisar pormenorizadamente os seus ensaios, escritos segundo as mesmas chaves narrativas dos seus romances: Homem na Escuridão, Leviathan, A Música do Acaso, Mr. Vertigo e A Noite do Oráculo, entre outros.
Para o escritor norte-americano, escrever é um exercício necessário para unir os fios de coincidências que inundam o quotidiano. A sua condição de autor não pode ser separada da do ser humano comum.
As suas obsessões literárias andam à volta do acaso, da memória, Nova Iorque como cidade babilónica, mas também da necessidade de comer para escrever e escrever para comer.
(Texto escrito a partir de um artigo publicado no El Universal)
O Festival Dedica a Paul Auster promove duas maratonas de cinema dedicadas a Paul Auster. A primeira tem lugar hoje e a segunda decorre na quarta-feira.
A Música do Acaso é a primeira colaboração de Paul Auster com o mundo do cinema. O filme foi realizado em 1993 por Philip Haas e foi exibido em 1994 no Fantasporto. Conta com Mandy Patinkin no papel de Jim Nashe e James Spader no papel de Jack Pozzi. Paul Auster também faz uma breve aparência no filme.