Como os fãs de Paul Auster bem sabem, o escritor norte-americano é apaixonado por uns cadernos azuis de fábrico português, que até já foram protagonistas de um romance do autor.
Ora o i (notícia na imagem) e o Diário de Notícias (aqui) lembraram recentemente todos os leitores que estes "cadernos azuis, imperfeitos e exclusivos" se encontram à venda no Palácio do Papel. No entanto o autor deste blogue não se responsabiliza se a compra de um destes cadernos der origem, tal como em A Noite do Oráculo, a uma série de acontecimentos imprevisíveis...
O novo livro de Paul Auster situa-se entre os dilemas interiores e as movimentações da história das últimas quatro décadas
As criações literárias de Paul Auster estão imersas daquela maneira laboriosa que alguns dos melhores romancistas usam para contar histórias, mesmo as mais banais. Conseguem um raro equilíbrio entre a força do enredo e as soluções narrativas que o servem. Tal como a personagem de Obélix, encarnação da energia em estado puro, a escrita de Auster caiu no caldeirão do mago. Provavelmente até já nasceu lá, nesse território longínquo essencial onde o escritor se move com um felino andar de prestidigitador e onde muito do que parece não é.
Invisível, o novo romance, comprova-o uma vez mais. A história, que atravessa quatro décadas até ao presente, desdobra-se por vários narradores e é contada através de cartas, de diários, de telefonemas, de flashbacks ou simplesmente pelo relato directo. Desta colagem resulta o entendimento possível do todo, numa engenhosa replicação daquilo que geralmente acontece na realidade, sempre assustadoramente mais vasta do que é possível abraçar.
Invisível começa em 1967,
O livro está dividido
Adam Walker é a típica personagem austeriana. Sob a aparência de jovem bem integrado e, neste caso concreto, magnificamente apetrechado para a vida em sociedade, está rodeado de um corpo consistente de dúvidas e dor.
No entanto, Invisível não se detém apenas na interioridade dos seus actores. É uma obra que deixa sopros de algumas das movimentações da história das últimas quatro décadas e nesse sentido Walker e companhia são filhos legítimos dos tempos que lhes coube viver. Iniciada em
Crítica da autoria de Alexandra Macedo a Invisível, de Paul Auster, publicada no sábado, no i.