Desde que me conhecia, a minha ambição sempre tinha sido escrever. Aos dezasseis ou dezassete anos já sabia que assim era e nunca me iludira pensando que poderia ganhar a vida com isso. Tornar-se escritor não é ‘decidir sobre uma carreira’ como quem decide tornar-se médico ou polícia. Mais do que escolhê-la, somos escolhidos, e uma vez aceite o facto de que não somos aptos para mais nada, temos de estar preparados para percorrer uma longa e árdua estrada durante o resto dos nossos dias.
A narrativa autobiográfica que compõe este volume conta-nos a história do jovem escritor Paul Auster. Num tom profundamente intimista e revelador, o autor abre-nos a porta para os anos da sua entrada na literatura e na vida, quando o que a mão escrevia servia para alimentar a boca. O relato comovente e divertido dessa época é assim, também, uma lúcida reflexão sobre o dinheiro e sobre o que significa não o ter. Dinheiro era o que Auster pretendia ao escrever, na época, textos tão diversos como peças de teatro, romances policiais e, até, um jogo de cartas baseado no baseball.
Mais de uma década após a primeira edição de Da Mão para a Boca em Portugal, a ASA orgulha-se de (re)apresentar aos leitores portugueses um livro que é já uma referência canónica para todos os admiradores de um dos grandes nomes da literatura norte-americana.