Terça-feira, 6 de Outubro de 2009

"THE WORLD IS IN MY HEAD. MY BODY IS MY WORLD" – ANÁLISE À OBRA DE PAUL AUSTER

 

 

Foi recentemente publicado no México uma análise da obra narrativa e ensaística de Paul Auster, da autoria da escritora Ivonne Saed, intitulada Paul Auster: autoría, distopía y textualidad.

 

Segundo a autora, a obra de Paul Auster centra-se em três aspectos: o conceito de autoria e a sua relação com a solidão; a distopia da esperança e a utopia ultrapassada; e a cidade como metáfora do Génesis e elemento indispensável da narrativa de Auster.

 

Para abordar estes temas, Ivonne Saed examinou principalmente os três romances que, em seu entender, melhor englobam as preocupações do autor com o presente.

 

Em Inventar a Solidão, Auster parte de uma fotografia para desconstruir a memória e o duelo perante a morte por intermédio da reescrita do eu.

 

Em No País das Últimas Coisas, a acção passa-se num espaço distópico que ultrapassa os mitos conhecidos de cidades apocalípticas.

 

E, finalmente, Cidade de Vidro, na qual pega no mito babilónico para falar de memória e do duelo como geradores de vida, assim como desse grande texto por decifrar que é a cidade como conceito.

 

Uma constante da narrativa de Auster é o facto de, desde as primeiras linhas, o leitor ficar entrelaçado num enredo que, no entanto, ainda está por contar. E com algumas palavras, antecipa um desenlace.

 

Ivonne Saed tem vindo a realçar, desde há alguns anos, em artigos publicados no México, que a premissa fundamental do trabalho criativo de Paul Auster se pode resumir a uma frase que o próprio escreveu quando tinha dezanove anos: “The world is in my head. My body is in the world.”

 

A obra de ficção de Paul Auster não pode ser estudada sem se analisar pormenorizadamente os seus ensaios, escritos segundo as mesmas chaves narrativas dos seus romances: Homem na Escuridão, Leviathan, A Música do Acaso, Mr. Vertigo e A Noite do Oráculo, entre outros.

 

Para o escritor norte-americano, escrever é um exercício necessário para unir os fios de coincidências que inundam o quotidiano. A sua condição de autor não pode ser separada da do ser humano comum.

 

As suas obsessões literárias andam à volta do acaso, da memória, Nova Iorque como cidade babilónica, mas também da necessidade de comer para escrever e escrever para comer.

 

(Texto escrito a partir de um artigo publicado no El Universal)


publicado por Miguel Seara às 17:06
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Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2009

QUAL A RELAÇÃO ENTRE PAUL AUSTER E OS SMASHING PUMPKINS?

 

O videocplipe de Disarm, dos Smashing Pumpkins, foi inspirado em Mr. Vertigo. O videoclipe passou pela primeira vez na MTV em 1993 e foi nomeado em duas categorias para os MTV Music Video Awards, as primeiras nomeações dos Smashing Pumpkins para os prémios da MTV.


publicado por Miguel Seara às 12:25
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Quarta-feira, 14 de Janeiro de 2009

MR. VERTIGO – A CRÍTICA NACIONAL

“Romance fundamental de um dos melhores e mais premiados escritores norte-americanos contemporâneos… Uma radiografia policromática da vida americana dos anos 20, feita de histórias dentro de histórias, a que não falta aventura, risco e humor e, claro, uma escrita que faz voar o leitor pelas dimensões mágicas da boa literatura, impulsionado por diálogos em que a fantasia e a realidade, o mítico e o quotidiano, se tornam, pela extraordinária narrativa de Paul Auster, indissociáveis e coniventes.”
Leia o resto da crítica do Expresso aqui.

 

“…Auster aproveita para percorrer momentos fundamentais da História americana, questionar a ascendência e a decadência de mitos e ‘estrelas’ e para explorar, de forma simples e directa, as trocas culturais que estão na base dos EUA. Um equilíbrio entre consciência e fantástico que o autor sabe dominar sempre nos limites.”

Leia o resto da crítica do Sol aqui.
 
“Tecido como um volume de memórias contadas pelo próprio herói no fim da sua vida, é um livro imperdível, provavelmente um dos mais belos e mágicos que Auster escreveu.”
Leia o resto da crítica da Notícias Magazine aqui.
 
“Auster fixa (e bem) a totalidade dos seus esforços no poder encantatório dos sonhos e na inesgotável capacidade humana de criar.”

Leia o resto da crítica da Notícias Sábado aqui.

 

“Mais um desconcertante e brilhante romance de Paul Auster conhece tradução portuguesa. Mr. Vertigo conta a história de um rapaz que aprendeu a voar, metáfora perfeita para um país onde o sonho comanda a vida.”
Leia o resto da crítica da Magazine Artes aqui.

publicado por Miguel Seara às 15:14
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Terça-feira, 13 de Janeiro de 2009

"CADA LIVRO QUE ESCREVO É UM ENIGMA PARA MIM" – ENTREVISTA A PAUL AUSTER

O que o atraiu para a história de Mr. Vertigo?

Isso é um grande mistério para mim. Não sei de onde surgiu. Durante anos carreguei comigo uma história nunca muito bem definida sobre um mestre e o seu discípulo, e que nem era verdadeiramente uma história mas uma situação. Quando me sentei a escrevê-la, pensei que ela teria cerca de vinte páginas. Pelos vistos, estava enganado.
 
Disse uma vez a um entrevistador: “emoções muito fortes, até mesmo traumas, geram as minhas histórias.” Foi o caso de Mr. Vertigo?
Mais uma vez, cada livro que escrevo é como um enigma para mim. Nunca sei o que estou a fazer ou por que o faço. Há apenas a compulsão para o fazer, a necessidade imperiosa de passar a história ao papel. Às vezes, mais tarde, depois de o livro estar escrito, tenho vislumbres que me levam a compreender a sua origem, pequenas pistas. Com Mr. Vertigo, penso que teve a ver com a ideia de cair de lugares altos. Digo isto da mesma forma que um antropologista o diria, baseado unicamente na observação e no que vejo com os meus próprios olhos. Consigo lembrar-me de vários livros que escrevi em que as pessoas caem. No País das Últimas Coisas, Anne Blume atira-se de uma janela no último andar de um prédio de modo a salvar--se; ela não morre, mas isso altera o curso da sua vida. Em Palácio da Lua, o pai obeso de Fogg cai para dentro de uma sepultura aberta e parte a coluna. Em Leviathan, gira tudo à volta de um homem a cair de umas escadas de emergência. Penso que tudo isto (mas como é que eu posso verdadeiramente saber?) pode estar relacionado com algo que aconteceu ao meu pai quando eu era criança. Ele estava a trabalhar num telhado, escorregou e caiu. Se não fosse um estendal a aparar a queda ele teria provavelmente morrido. Apesar de não ter presenciado isso, carreguei essa imagem na minha mente durante toda a infância: o meu pai a voar. Talvez seja essa a fonte, o que está no cerne da minha estranha obsessão.
 
Uma das coisas de que mais gosto no livro é a combinação do espiritual com o mundano. Ambos estão presentes no personagem do Mestre Yehudi: às vezes ele soa como um sacerdote zen e outras vezes como um bufarinheiro.
Ele é um personagem bastante complexo. Por um lado, é um vigarista, um charlatão, apenas interessado em fazer rios de dinheiro – tal como toda a gente na América. Por outro lado, ele tem uma faceta profundamente espiritual. Está interessado nas verdades espirituais. Ao desafiar as leis da Natureza, como se propõe a fazer com Walt, ele coloca-se numa situação bastante difícil perante Deus, o Universo e o Homem. E o Mestre Yehudi reflecte muito sobre estas coisas. Leva-as muito a sério.
 

publicado por Miguel Seara às 15:00
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Segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009

LEIA O PRIMEIRO CAPÍTULO DE MR. VERTIGO

Tinha doze anos quando caminhei sobre as águas pela primeira vez. Foi o homem de preto quem me ensinou a fazer isso e não vou pôr-me para aqui com histórias e dizer que aprendi o truque da noite para o dia. Quando Mestre Yehudi me descobriu eu tinha nove anos e era um dos muitos miúdos órfãos que mendigavam nas ruas de Saint Louis, e só ao fim de três anos de um treino incessante é que ele me deixou mostrar as minhas habilidades em público. Isso aconteceu em 1927, o ano de Babe Ruth e Charles Lindbergh, esse mesmo ano em que a noite começou a cair sobre o mundo para todo o sempre. Continuei a trabalhar até poucos dias antes do crash de Outubro e devo dizer que aquilo que fiz nesses poucos anos foi maior do que tudo o que aqueles dois cavalheiros possam ter sonhado. Eu fiz o que nenhum americano tinha feito antes de mim, o que ninguém fez desde então.

Mestre Yeahudi escolheu-me porque eu era a mais pequena, a mais imunda, a mais abjecta de todas as criaturas. “Não vales mais do que um animal”, disse-me ele, “não passas de um pedaço de nada humano”. Essa foi a primeira frase que ele me disse, e, apesar de terem passado sessenta e oito anos desde essa noite, é como se estivesse a ouvir ainda as palavras da boca do mestre. “Não vales mais do que um animal. Se continuares assim, não chegarás vivo ao fim do Inverno. Se vieres comigo, ensinar-te-ei a voar.”
 
Leia o resto do primeiro capítulo de Mr. Vertigo aqui.

publicado por Miguel Seara às 11:24
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MR. VERTIGO

 

 

“Tinha doze anos quando caminhei sobre as águas pela primeira vez.” Começa assim a história de Walter Claireborne Rawley, conhecido em toda a América como o Rapaz Prodígio. Estamos no final dos anos 20, a era de Babe Ruth, Charles Lindbergh e Al Capone. Walter é um órfão resgatado das ruas pelo misterioso Mestre Yehudi, que o alicia com a promessa de o ensinar a voar. Um desafio às leis da natureza que os coloca numa situação peculiar perante o Homem, Deus e o Universo. Unidos por tão bizarra combinação de espiritualidade e mundanismo, mestre e discípulo percorrerão uma vasta e vibrante América, onde se cruzam com pecadores, ladrões e vilões, desde o Ku Klux Klan do Kansas até à máfia de Chicago. A ascensão de Walt à fama e à fortuna espelha, em última instância, a passagem da América à maioridade; a capacidade de adaptação e resistência de ambos é constantemente posta à prova, numa história que pode ser a de cada um de nós.

Num romance que contempla com naturalidade o lado mágico e improvável da vida, é-nos revelado um segredo: voar, afinal, é fácil.


publicado por Miguel Seara às 10:02
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MR. VERTIGO – A CRÍTICA ESTRANGEIRA

“Um romance absolutamente fascinante que contém nada mais, nada menos do que a própria história da América.”

The Washington Post
 
“Soberbo… Ninguém, mas mesmo ninguém, conseguiu escrever uma parábola sobre o estado da consciência americana tão bem quanto Paul Auster.”
The Boston Globe
 
“Um romance maravilhosamente extravagante.”
Publishers Weekly
 
“Engenhoso, inventivo na sua linguagem e extremamente divertido nas suas metáforas. Parece um conto de fadas.”
The New York Times
 
“Um romance que alcança grandes voos, do início ao fim.”
The Miami Herald
 
“Um livro mágico que nos fornece uma vista aérea sobre o estranho, violento e paradoxal século que deixámos para trás.”
Los Angeles Times
 
Mr Vertigo é uma brilhante demonstração de poder narrativo.”
Library Journal
 
“Bizarro, cativante e encantador.”
The Daily Telegraph
 
“Um relato tremendamente divertido de ganância e redenção… Auster conseguiu criar um personagem que voará para sempre na memória dos leitores.”
People

 


publicado por Miguel Seara às 09:58
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