Um escritor de romances policiais, Quinn, recebe em três dias consecutivos um estranho telefonema que o incita a tornar-se detective e a proteger Peter Stillman. Quinn, procurado pelo nome de detective Auster, deixa de ser escritor, assume o papel de detective e inicia uma investigação que nos conduz a uma história bizarra e opressiva que nos prende até à última página.
Adaptação da primeira história da famosa A Trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster, esta novela gráfica por Paul Karasik e David Mazzucchelli foi considerada pelo Comics Journal como um dos 100 melhores comics do século XX, além de que foi considerada pela revista New York como a melhor novela gráfica sobre Nova Iorque, tendo ganho ainda o Prémio de Melhor Álbum Estrangeiro no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora em 2006.
Escolher um livro onde Nova Iorque assuma um papel essencial é tarefa ingrata. Henry James, Rex Stout ou John dos Passos não perdoariam a preterência, mas a sugestão é Cidade de Vidro, adaptação para banda desenhada de uma das novelas de A Trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster.
Sem nenhum dos tiques que costumam manchar as adaptações para BD, frequentemente redundâncias que se limitam a “contar aos quadradinhos” o que havia sido escrito, Karasik e Mazzucchelli, com a colaboração do próprio Paul Auster, criam uma obra que coloca a exploração das formalidades da linguagem da BD ao serviço de uma narrativa que tem a cidade como elemento axial.
A partir de um texto que vive da fragmentação narrativa, das histórias cruzadas e das indagações em torno da linguagem, Cidade de Vidro adopta uma abordagem gráfica receptiva à experimentação, à utilização de outras linguagens (como a infografia) e a uma incansável procura de soluções. O resultado transforma o labirinto verbal e narrativo de Auster numa exigente sequência de imagens onde a cidade se desdobra em reflexos enganadores, dédalos de ruas que passam do mapa para o cérebro das personagens e ilusões que cruzam o verbal e o visual. Não será a Grande Maçã dos bilhetes-postais, mas fará de qualquer viagem um mapa de interrogações sobre o que se vê.
Excerto do artigo “Dez Destinos, Dez Livros”, publicado na revista Os Meus Livros de Julho.
© Luca d’Agostino / Phocus Agency
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© Elia Falaschi / Phocus Agency
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Aproveitando a inauguração no domingo da exposição de banda desenhada Cidade de Vidro, no domingo, no Festival Dedica a Paul Auster, podem consultar alguns dos artigos saídos na imprensa portuguesa relativos à adaptação para novela gráfica de Cidade de Vidro.
Depois de se ter licenciado no Pratt Institute, em 1981, Paul Karasik estudou na School of Visual Arts com autores como Will Eisner, Harvey Kurtzman e Art Spiegelman. Foi editor associado da revista internacional Raw, de Art Spiegelman e Fraçoise Mouly, para além de editar a sua própria revista: Bad News. Publicou trabalhos nas revistas The New Yorker e Nickelodeon. Com a sua irmã Judy Karasik desenvolveu um comic autobiográfico intitulado The Ride Together. Em colaboração com David Mazzuchelli adaptou a obra literária Cidade de Vidro, de Paul Auster, a uma novela gráfica. Esta obra viria a ser traduzida para diversas línguas e foi nomeada pelo Comics Journal como um dos 100 melhores comics do século XX. É professor e vive com a família em Martha’s Vineyard, no Massachusetts.
David Mazzuchelli iniciou a sua carreira no final dos anos 80, trabalhando no género “super-heróis” para a Marvel e a D.C. Comics, duas das mais conceituadas editoras americanas no género.
Tornou-se desenhador regular de Daredevil, começando a afirmar o seu estilo e a fazer-se notar. Frank Miller viria a mostrar interesse em colaborar com Mazzucchelli, tendo ambos assinado Born Again e Batman – Ano Um. Abandonou entretanto as séries marcadamente comerciais em que trabalhara e, depois de ter publicado três números da sua revista Rubber Blanket, e de ter colaborado em diversas antologias e revistas como Drawn & Quaterly, Snake Eyes, Zero Zero e Little Lit, Mazzucchelli, em colaboração com Paul Karasik, transformou Cidade de Vidro, de Paul Auster, numa novela gráfica, uma obra que confirmou a sua grande notoriedade.
Paul Auster será o protagonista da XV edição do Festival Dedica, que tem lugar em Pordenone, Itália, de 21 de Março a 4 de Abril.
Devido à originalidade da sua fórmula e à qualidade da sua proposta, o Festival Dedica tem-se afirmado como um evento cultural de grande relevância em Itália e no mundo, através da articulação com as mais diversas expressões artísticas, passando pelo teatro, conferências, cinema, música, dança e fotografia.
Paul Auster estará presente no sábado, no Teatro Comunale Giuseppe Verdi, às 16h30, para uma conversa com Antonio Monda, que será antecedida da visualização de um vídeo em homenagem ao escritor, realizado por Wim Wenders especialmente para este evento.
Nos dias seguintes, será inaugurada uma mostra de banda desenhada de David Mazzucchelli e Paul Karasik sobre Cidade de Vidro, uma exposição fotográfica, maratonas de cinema sobre Paul Auster, leituras de romances do autor, a publicação do livro Dedica a Paul Auster e conferências, entre outras actividades. Será também entregue ao escritor norte-americano a Medalha de Honra da cidade de Pordenone.
Todas as informações sobre este evento em www.dedicafestival.it.
A revista New York elegeu Cidade de Vidro como a melhor novela gráfica sobre Nova Iorque. A votação contou também com a participação de algumas das mais destacadas figuras do mundo dos comics norte-americanos.
Cidade de Vidro, adaptação de Paul Karasik e David Mazzuchelli da primeira história da famosa A Trilogia de Nova de Paul Auster, tinha já sido considerado pelo Comics Journal como um dos 100 melhores comics do século XX.
Segundo o cartoonista David Heatley, Cidade de Vidro é “a mais fundamental novela gráfica de Nova Iorque”.